quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2011: CTRL - ALT - DEL


Está a chegar o fim do ano! Altura para fazer um CTRL - ALT - DEL a nós próprios.

Vejamos... Bloquear computador? Não, essa opção para finalizar o ano não! Vamos mudar essa tecla para desbloquear computador! Sim, isso sim, desbloquear, fluir! É o ideal para encerrar capítulos e para nos sentirmos bem connosco: fluir. Não deixar nada bloquear, seja a comunicação, a energia, o movimento!

E a seguir? Terminar sessão. Sim, por vezes é doloroso, mas existem muitas coisas nas nossas vidas que precisam de ser correctamente terminadas e guardadas. Podem ser relações, atitudes, formas de ver as coisas... E é sempre mais fácil permanecer no doloroso conforto da segurança e não mandar embora aquilo que já está velho e que já devia de ter seguido o seu rumo para dar lugar ao novo.

Encerrar sessão? Nem pensar, mais uns aninhos para todos por favor! Com saúde, como se costuma dizer, que o resto...

Nesta altura também é preciso alterar a palavra passe. Quem tem acesso a nós? E quanto de nós deixamos para o outro ver? Às vezes é necessário perceber se as nossas muralhas defensivas estão demasiado elevadas. Não digo para atirarmos as pedras ao chão num acto de revelia! Nada disso! Pedra a pedra, ir baixando a guarda enquanto aprendemos a estar connosco e com os outros ao mesmo tempo e em paz.

É também uma altura de pensar no trabalho, temos de clicar no gestor de tarefas! O que é que andamos a fazer a mais? Ou a menos... Por vezes assumimos mais responsabilidades do que aquelas que podemos aguentar, e depois é como diz o outro, o corpo é que paga! E o corpo, meus caros, é muito inteligente, e dá sempre sinal. Têm ouvido as queixas dele? Ele fala connosco, a sério que fala! E quando fazemos menos do que aquilo que devemos também podemos sofrer com o síndrome de "eu não queria deixar para amanhã mas teve mesmo de ser". E isso pode trazer grandes complicações. Como em tudo, é preciso encontrar um equilíbrio. E esse equilíbrio não é igual todos os dias e também não é o mesmo para todas as pessoas. E ainda bem! É sinal que somos únicos, diferentes, e também, diferentes dentro de nós a cada dia que passa. E não gosta o homem de mudanças e de diferenças... Muito estranho.

Cancelar? Sim, podem sempre cancelar a reflexão do final do ano, afinal de contas é tudo muito simbólico, não é? Eu cá faço o meu CTRL - ALT - DEL no verão. É nessa altura que tomo decisões e dou passos firmes para conquistar os meus objectivos! Afinal de contas, está calor, os dias são grandes, o que poderá correr mal? Agora Dezembro... Mas somos todos diferentes e cada um saberá de si e qual a melhor altura para fazer um reset... Por isso, seja quando for, Bom Ano Novo dentro de vocês!


Imagem: thechicecologist.com

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Morra a palavra, morra, pim!

Há palavras que são uma grande chumbada! Como por exemplo trabalho, impaciência ou qualquer outra fora do baralho! Ele há palavras que não lembra o diabo, como retalho, primário ou o primo, aquele, o número! Mas palavras chatas como empecilho, maltrapilho e outras que rimem com milho, são palavras desgastadas, mal amadas, e sabem que mais? Deviam de ser penduradas, reformadas e maltratadas! Há também palavras indecentes, como o ser insolente, persistente e também estar mal do dente! Para mim, era fazer uma razia de A a aZedo! Pim!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal é para os amigos




A amizade é um dom e uma desgraça. Peço que te sentes, poderei ser longa. É que este tema da amizade para mim sempre foi bipolar!


Comecemos pelo saber ser amigo. Isso é o quê? Bom, terá certamente de passar pelos clichets: estar por perto, aparar as quedas e ter direito a dizer "i told you so!" Mas clara e definitivamente que saber ser amigo é um dom, uma qualidade que muitos têm e não sabem, pois nestas coisas da amizade também existem diferentes tampinhas para diferentes panelas.


E saber receber a amizade? Bom, isso também tem muito que se lhe diga! Ser bom amigo para o outro será também saber receber a amizade do outro, aceitando-o tal como ele é. Muito confuso? Talvez, mas isto dos relacionamentos nunca foi muito simples! E olhem que saber receber o amor do outro através da sua amizade não é fácil! E a maior parte de nós não o sabe fazer porque esta coisas dos amores não é entre amigos! Que desengano... E aqui entra a desgraça. Que desgraça estes amores mal aproveitados! Que desgraça não ter amigos íntimos, daqueles bem grandes, maiores do que uma montanha e que nos aparam sempre a queda - ou deixam cair quando temos mesmo de sentir o chão na cara. Que desgraça é só ir ao café falar de nada, trocar prendas desnecessárias quando a maior prenda permanece embrulhada no nosso peito! Desaperte-se o laço. Dêem coração aos vossos amigos neste Natal. Tirem a máscara da frieza por uns segundos que seja, permitam-se dizer um "gosto de ti" a um amigo. Porque há a família, que não escolhemos, há o par, que nos envolve e existem os amigos, que estarão lá sempre quando o resto faltar.

Imagem: http://rriderlausd.org/blog2/

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Corações ao alto


Corações. Eram giros na infância, tudo era amoroso e intenso! Passando pela adolescência obrigámos os corações a definharem. Foram vilipêndiados pela necessidade de passar uma imagem forte! Corações eram fragilidade! Eram coisas de menina! E os homens? Esses nem pensar no coração, quanto mais mostrá-lo ao mundo!

E na vida adulta?

A rigidez que tapa o coração pode durar uma vida... Uma vida sem corações, já imaginaram? Uma vida com relações superficiais, com amores "ao de leve", com emoções fugazes e tudo coroado por uma paixão, uma ligação, às "coisas".

Perto do Natal o apelo ao coração sobe de tom. Mas ainda assim é um apelo mudo para muitos. O apelo ao consumismo fala directamente, alto e em bom tom. Esse apelo já eles ouvem...

Para este Natal o meu desejo é que todos aprumem a audição, para que se oiçam melhor, para que oiçam melhor a vossa voz interior. Pois de dentro para fora, podemos fazer maravilhas pelo colectivo.




Imagem: http://waterlillybijuteria.blogspot.com/2009/11/colar-bolas-em-vermelho.html

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O armário de mulher

Entrei no armário do meu quarto de mulher. Os vestidos vermelho baton irradiavam a sensualidade de uma mulher crescida. Sentei-me no chão frio e fechei a porta. Os tecidos lambiam-me a cara como se fossem gotas de água a cair do céu. Fechei os olhos para ver menos, apurando o cheiro a roupa guardada. Onde está hoje esta mulher?

Às apalpadelas encontro um sapato de salto alto. Não o vejo, mas imagino-o preto. Sinto o seu cheiro a novo e calço-o. Como é longo o seu salto e como erotiza o corpo. Será que já foi usado? Será que já saiu à rua, bramindo sensualidade? Quem é ela?

Passo a mão pelos vestidos. São suaves e frescos. Já não vejo as suas cores, mas imagino os seus decotes. As costas abertas, pele desnudada e uma curva acentuada nas formas maduras de mulher. Quem sou eu, enquanto mulher?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Receita anti-stress

Ingredientes:
- 1 saco de boxe;
- 1 par de luvas de boxe;
- 1 pitada de respiração, q.b.;
- O peso do corpo em postura (bem medido);
- 1 colher de chá de resignação.

Começamos por pendurar o saco de boxe no tecto, bem direitinho e deixamos repousar durante 10 minutos. Enquanto isso, coloque as luvas de boxe nas mãos respectivas e posicione o corpo, bem pesado, em postura de ataque e em frente ao saco de boxe. Pegue na pitada de respiração e faça longas e profundas inspirações, bem até ao fundo do forno; retire, expirando longamente. Quando o saco de boxe já estiver bem marinado, bata-lhe energeticamente até que as suas mãos fiquem mais amassadas do que claras em castelo. Por fim, decore a gosto, espalhando uma colher de chá de resignação pelo prato. Está pronto a servir, bom proveito!



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Peças de nós


Eu cá gosto muito de fazer puzzles. Peça a peça, passar o desenho da tampa de cartão para o chão. Sim, gosto de fazer puzzles no chão. O mundo desaparece pois o que importa é passar o desenho através dos nossos dedos, encaixando peças para que algo faça sentido.

Por vezes é assim o inicio da descoberta interior. Queremos saber quem somos e quando pensamos nisso vemos peças que não parecem encaixar-se entre elas. O problema é que neste puzzle de nós próprios não existe cábula. Comecemos pelos cantos, pela forma. Damos forma ao que somos, de fora, para dentro, no caminho da introspecção. Depois dos cantos vamos aos limites, colocando aquelas peças de fora. Qual é o nosso limite? Como afectamos os outros e aquilo que está à nossa volta? E por fim, como nos afectamos a nós, nos nossos limites e na nossa forma?

Depois, é mergulhar em nós. Mas são tantas peças, temos tantas dimensões! Quem somos? Comecemos pelas peças mais fáceis, aquelas mais marcadas, as partes de nós que conhecemos melhor. Aos poucos e poucos, peça a peça conseguimos ver melhor o desenho, ou como dizem os americanos, the big picture. Mas fazer este puzzle, é a obra de uma vida, e ainda assim, é possível que o puzzle nunca fique completo... Peça a peça...


Imagem: http://alamoheightsunitedmethodistchurch.blogspot.com/2011/06/puzzle-pieces.html

domingo, 18 de dezembro de 2011

Amores mais que perfeitos

Sentir a paz no corpo é como cheirar um amor perfeito. Mesmo que não cheire a nada, visualmente ela está lá, em cada pétala, em cada cor. Ou então na leveza do seu toque. O corpo é isto, é todo um mar de possibilidades que nos permite navegar entre sentidos. O corpo não é um pedaço fragmentado como na medicina em que levamos partes de nós a diferentes especialistas... O corpo é um todo e em contacto com ele podemos acalmar a mente e numa reflexão profunda, fazer dele nosso, presente, aqui e agora, um amor mais que perfeito.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Desvaneios e esquecimentos

Acordo de manhã e começo o dia a bebericar o meu café. Se todos os dias fossem assim, como o conforto de um café com canela! A casa está fria, não quero ficar aqui. Saio para a rua, as lojas não me interessam, nas suas construções daquilo que acham que nós devíamos de ser! Lembram-me a doce infância em que achávamos que os outros eram donos das nossas opiniões…

Baixo a cabeça e olho para as minhas unhas, apercebendo-me de que tenho verniz, estão pintadas de vermelho. Estranho dissabor, este da falta de memória! Sem dar conta e ainda cabisbaixa, vejo que estou à porta de uma Igreja. O arroz e as pétalas desfareladas no chão chamaram a minha atenção. Algo me puxa para o seu interior, algo energético e subtil.

O seu ar branco e aberto convidam-me a sentar e a ficar. É diferente, é um espaço com luz, não é um espaço triste que nos faz sentir pequenos, é um espaço grande que nos amplifica o corpo. Esqueço o mundo lá fora e deixo-me ficar. Afinal de contas, o que é que eu ia fazer mesmo?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Comboio para o futuro

Sabes a que horas é o comboio para o futuro?

Passado com quem mais gosto, o tempo nunca é um problema, meu amigo! Mas lamento informar-te que esse comboio parte sempre no dia seguinte, ou seja, amanhã! Por isso, meu amigo, de nada te serve esperar por amanhã! Pois quando o amanhã for hoje, o comboio partirá amanhã! De nada serve ficares zangado, meu caro amigo! Nem vale de muito esperares na estação, de braços cruzados! Acredito que tenhas muita companhia na estação, mas para quem espera eternamente, até a companhia dos outros cansa!

Mas nada temas meu amigo! O futuro, é já amanhã!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Amanhã? Amanhã!


Escrevi a palavra amanhã e meti-a num bolso. Afinal de contas, isto de já se ser crescido tem destas vantagens! Não há imposições, fretes ou barretes! Não há chumbadas, empecilhos ou pessoas chateadas! Eu faço o meu hoje e assim, sei o que quero deixar para amanhã... Ou depois de amanhã... Ou depois de depois de depois...

Já não há fobias, nem teimas, nem medos, a agenda rola ao meu sabor! Não vou ao desbarato e não desbarato o meu tempo! Faço o que quero, rasgo, apago e rescrevo o calendário! Só queria também poder re-escrever as estações do ano...


google images

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Elogio fúnebre a uma gata




Quando chegaste eras tão mais pequena que os teus irmãos que foste coroada de Misérias. O nome era uma brincadeira, mas a tua saúde sempre foi um caso sério. Depois de vários sustos, de inúmeras idas ao veterinário e banhos de mimo, foste recuperando, embora mantendo o teu ar frágil. Longas foram as noites em que moravas dentro de casa e duras foram sempre as manhãs em que eu abria a tua porta a medo, para ver se ainda estavas lá.


Talvez aproveitando a fragilidade, foste apelidada de manhosa ou gata esperta. Esse miado frágil, meigo e acompanhado de uns olhinhos doces semicerrados faziam-te alcançar quase tudo o que querias. Até mesmo o teu amigo Shorty te dava lugar na casota, o cão mais gato, que eu acredito seriamente que estava casado contigo.


O teu corpo franzido nunca permitiu ser casa de gatinhos, por isso não deixas descendências, coisa rara numa gata não de rua, mas na rua. Ainda assim, com o teu peso pluma foste muito namoradeira, não penses que não sei! E fizeste bem, afinal de contas continuavas a ser uma gata.


Quando vim embora ainda pensei em trazer-te comigo, mas como é que se pede a uma gata habituada à terra batida, ao sol nos bigodes, para se fechar num apartamento? Como é que poderias querer deixar os teus amigos, gatos e cão, deixar a relva verde onde caminhavas patinha ante patinha? E como deixar aquela palmeira para onde subias em direcção ao céu, numa manobra espectacular que fazia crer que eras uma gata normal e forte? Não podia fazer isso, por isso deixei-te ficar.


Penso que terás sido feliz. Espero que sim. Nunca deixamos de pensar que podíamos ter feito mais. Foi o que foi. Obrigada. Principalmente pelas noites em que dormias aos meus pés e me aquecias a alma.


Até sempre Misé.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta a Djé Djé, ou uma separação ficcional

Queria dizer-te que os olhos tristes são verdes e são azuis, são da cor do oceano que nos separa. A distância é longa e as cartas que trocamos não cortam nas milhas náuticas. Pudesse eu nadar até ti e acredita que já estava com os pés na areia, pronta para mergulhar.

Dizes-me que o tempo passa rápido, mas o tempo não cura a saudade, apenas assombra a distância e me fere o olhar, de não te ver. As mãos ardem por não te tocarem, o coração suspira porque sabe que ainda não é hora de te ter por perto. O corpo... E o corpo...

Resta-me ser paciente, ou então virar o tabuleiro, gritar "rebenta a bolha!" e voar para perto de ti. Mas sei que tenho de ser paciente, pois um dia o jogo ficará a meu favor.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

(In)fância


A doce inocência da infância, como me recordo dela! Criar e viver em mundos imaginários... Olhar para as nuvens e ver mais do manchas... Era como ver o mundo com uns óculos especiais. Quando crescemos perdemos esses óculos, as lentes especiais que nos permitiam ver o mundo com tamanha inocência e veracidade.

Mas sabem um segredo? Enquanto adultos ainda nos é permitido colocar esses óculos... O problema é, sabem o caminho para os encontrar, dentro de vocês?



Imagem: http://sonobea.wordpress.com/2011/05/01/14-watch-a-film-a-week-1143/

Just smile!


And open your heart to the day that begins! Even if it snows, warm up inside yourself and be the one you want for your day!




Imagem: http://milaenessie.blogspot.com/2011_05_01_archive.html