sábado, 30 de junho de 2012

Ah!


Ah, o doce som de algo concluído, de algo já ido, fluído e mais que definido. Passou, sarou e seguiu viagem. Desarmou, desfez as malas da ingratidão e pulou de alegria. Ficou-se o prazo, o mau estado, o arreliado. E nós vamos, em frente, deixando roupa para trás, a caminho da nossa nudez, nossa verdade, nosso interior, seja ele qual for. É o meu, é o teu, são os caminhos, as escolhas, os sentidos, as alegrias de se saber ser e de nos lembrarmos humanos. Sem ficar à espreita, sigo em frente, sem medo dos lados, sem tropeçar enquanto salto de alegria. Ah, o alívio. O alívio é uma sensação de vazio que conforta o meu interior. O alívio é o que preenche o vazio. O alívio invadiu-me de nadas, de penas que nada pesam e de vazios. É o silêncio, é o não nas palavras, o não saber, sabendo que sei. Viajo nesta loucura eu sei. Mas vai daí, o normal não existe!

Imagem: http://de-olhar.blogspot.pt/2010/10/por-uma-pena.html

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Up and Down

Que a vida é feita de pequenos nadas, já tinha ouvido dizer... O que percebi há algum tempo é que andamos aos altos e baixos. Apercebo-me hoje que a felicidade é fazer diminuir a amplitude entre os picos. Muito confuso? Ora bem... No sentido evolutivo da coisa, enquanto nos conhecemos melhor e nos tornamos mais em contacto connosco, com a essência ou com a alma (como lhe quiserem chamar...), tendemos a ter um equilíbrio na nossa serenidade. Não, não é ficar com aquele ar meio morto... É ter uma energia serena, de força e de paz. E aqui vêm as ondas. Somos humanos. Logo, vamos ter sempre momentos melhores e momentos piores (ou como eu costumo dizer, não sou Buda...).


Aquilo que interessa é que o tempo que passamos nos momentos piores seja encurtado. Logo, não descemos tanto nestas curvas em direcção à tristeza absoluta. Aceitamos a descida, sentimos o movimento do sentimento que vem do ventre, deixamos que se transforme nessa emoção agonizante que sai pela garganta, tratamos da sua origem (ou tentamos, é o que se pede, não é?) e esperamos. E pode ser que da próxima vez que a tristeza ou o medo nos batam à porta nós possamos ter mais instrumentos para coordenar a orquestra. Quem sabe se em vez do caos sai alguma ária? Já compus belas árias enquanto subia na curva... Só eu é que as oiço, mas gosto tanto delas. Foram compostas a pulso!

Depois, interessa viver os momentos altos no agora, com presença e verdadeiramente conectados connosco. Sem histeria, sem extravasar e sem ficar louco a perspectivar o pico seguinte. Aproveitamos sabiamente o prazer indistinto que advém da orquestra mais afinada, acedemos a nós num impulso de sabedoria! Mas sem nos perdermos no espaço...

E assim diminuem as amplitudes entre os picos... Não quer é dizer que seja fácil de fazer, isso é outra história, ou outra música... E é uma história de uma vida, uma banda sonora inteira.

Imagem: http://mistressmaddie.blogspot.pt/2011/11/mixed-bag-of-ups-and-downs.html

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fazer a diferença

Fazer a diferença. Frase engraçada. Mais engraçado ouvir perfeitamente o que aqueles idiotas diziam: somos nós que fazemos a diferença! Astuto, mas insuficiente. Para mim, pelo menos. Via-me mais pomposo naquela altura. Estava de fraque, o mundo estava aos meus pés e eu não fazia parte de nenhum "nós". Fazer a diferença, pfff.

Passados muitos anos a frase bate-me de frente, acerta-me no peito e faz-me cair. E olhem que o chão da vergonha é duro, a queda é aparatosa. Artística, diria eu. Fazer a diferença. Não tinha feito a diferença na minha vida até aquele momento, e agora não era o fraque que me ia salvar. Era eu. Tinha de ser. Tinha de fazer a diferença. Era assim que tinha a possibilidade de me reerguer. Voltar a conseguir respirar fundo de uma forma aliviada era o meu objectivo secreto. Era a primeira diferença que eu queria fazer para mim. E assim que estivesse de pé e com forças, a primeira coisa que ia fazer era queimar o fraque. O snobismo nunca foi o meu melhor lado.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Ressoando



Vi que ela estava mesmo a prestar-me atenção e então continuei todo pomposo com o meu discurso: "Mais vale ir devagar para chegar inteiro do que ir perdendo partes de nós pelo caminho, com a velocidade!" Já não era uma guerra de palavras, tratava-se apenas da necessidade de encontrar um entendimento para a dor que ela sentia. Talvez tenha apaziguado o sentimento de tristeza, mas a dor tinha se transformado em sofrimento e a partir daqui a viagem era dela e não minha.

Alguma parte da dor ficou comigo, mas eu não o queria verbalizar. Não queria admitir que a situação ressoava em mim como nunca poderia ter sequer imaginado. Mas a dor aumentava com a minha tentativa de a calar. Respirei. Senti que era assim mesmo. Agora fazia parte do trabalho trazer algo que não sendo meu, se tornava minha pertença.

domingo, 3 de junho de 2012

Dou um passo





Dou um passo e páro à escuta. Quem me dera que estivesse aqui alguém comigo. Oiço os murmúrios e penso que tenho dar o passo seguinte, não posso ficar aqui parado. Avanço. O medo não é menor, mas a força cresceu. Avanço.

Imagem: http://super-ligados.blogspot.pt/2010/06/curiosidades-sobre-os-pes.html