sábado, 25 de janeiro de 2014

E tentar fazer diferente?



Às vezes pensamos que estamos estagnados: o trabalho é uma rotina, a vida familiar sofre sempre dos mesmos males de sempre e a vida social morreu de tédio há uns anos atrás. O movimento é algo difícil e ficar na nossa redoma, na nossa rotina diária parece ser a única forma de sobreviver. Por vezes somos levados a pensar que mais vale manter igual para não abanar muito o barco, já que nunca afundou de vez. 

A questão é que por vezes parece que o barco se vai aguentando nestas águas paradas, mas na verdade, ao não ir a lado algum, vai ganhando peso e afundando muito lentamente. Amargurados naquilo que é expectável na nossa vida, não damos conta de como o barco estagnado no lodo nos vai arrastando para baixo, apesar de ainda acharmos que vemos o horizonte.

Porque não querer mais da vida? Porque não escolher fazer diferente, e tentar soltar algumas amarras? Não digo para colocar um motor potente no barco e arrancar a toda a velocidade. O nosso corpo estagnado podia nem aguentar. Porque não colocar um pequeno remo e fazer um pequeno movimento diferente? Podemos passar a sorrir aos nossos colegas e ver a diferença que isso faz. Telefonar a alguém que não espera o nosso contacto, ou ir dar uma volta a pé por uma rua ainda não visitada. Coisas pequenas constroem grandes transições. E porque não referir aquela frase-cliché: grandes viagens começam com pequenos passos?

E se não apetecer porque não forçar? Forçar um movimento pequeno não deve ser traumático ou doloroso. Experimente, sinta o que é possível para si neste momento. Se não é possível ir fazer uma corrida, consegue ir andar um pouco a pé? Quando criar novos amigos parece um cabo das tormentas, falar com os velhos é uma possibilidade? Fale consigo, veja o que é possível fazer por si, hoje!

Imagem: http://optimismoemconstrucao.blogspot.pt/2013/05/para-refletir.html

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

Perdida e achada





Estou a ver o Jornal da Noite da SIC e está a dar os Perdidos e Achados. Para quem não sabe, trata-se de uma rubrica que retoma temas antigos nos dias de hoje, ou procura a actualidade de alguém com uma história marcante no passado. O tema de hoje é a noite. Antigamente, dizem eles, a malta nova ia para as discotecas e agora a noite é vivida na rua, num autêntico botelon. Ouvi uns tipos com 19/20 anos a dizer que começaram a sair com 16 e que agora está tudo muito diferente: muita criançada que começa a sair com 14. Que poderei dizer com 32?


O que é certo é que esta rubrica fez-me viajar no tempo, mais que não seja porque é Sábado e eu estou muito satisfeitinha em casa. Abri a porta do Delorean e lá fui eu.

Quando era adolescente era de facto tudo muito diferente. Não apanhei a fase das matinés por vários motivos: não era frequente lá no burgo; se fosse, os meus pais não me iam deixar ir; e parece que no início dois anos 90, a moda da matiné tinha esmorecido.

Vivia perto da praia, a malta gostava era do verão, de bares com cerveja fresca e de encontrar os borrachos bronzeados que tinhamos visto na areia ao longo do dia. E discoteca, havia uma, duas. E todos se conheciam.

Mas a minha vida da night começou mais tarde, pelos 20. E aí já havia boa companhia e mais importante: carro! Ah, carro era a chave para a noite da grande cidade: em pouco tempo estávamos nos locais mais badalados de Lisboa, e todos os fins de semana eram esperados com grande expectativa. O certo é que foram tempos bem engraçados. Foram cerca de 3 anos de histórias engraçadas que envolvem o Reynaldo Gianecchini (himself), um empadão de pimenta e um japonês à porta da casa de banho do lux a gritar-me: "BANZAI!! BANZAI!!!", enquanto fazia uma espécie de vénia... Podia escrever um livro ou fazer uma série de sketches com as histórias que vivi, e acreditem que iria arrancar gargalhadas a uma gárgula de pedra em Notredame.

Agora, nos 30, confesso-me... Não vejo qualquer interesse em ir para um local onde não consigo falar nem ouvir as pessoas à minha volta. Dou preferência a uma boa conversa, a um bom jantar, bem regado e bem acompanhado. Mas nada paga nem apaga as memórias que ficam, as histórias que ainda hoje ganham vida, e a sensação de aproveitamento daquela energia que tomava conta de nós e nos permitia dançar 6, 7 horas seguidas. Lembro-me de tudo com um sorriso, mas foi um momento, uma fase, uma época. Gloriosa, sim! Aproveitei, dancei, diverti-me. E ri enquanto dizia à minha parceira de crime: ai que o sol já nasceu, ai que o sol já nasceu, a caminho de casa, tão depressa quanto possível. Bons tempos, e mais do que isso, boas amizades que ficaram até hoje.

PS: E sim, cheguei a conhecer o Tino de Rans na 24 de Julho. Ah, velhos tempos!

Imagem: http://essencias-fm.blogspot.pt/2013/03/sair-noite.html