Precisava de ter ficado em casa naquele dia. É verdade que a última cerveja é a que estraga a noite. Pensei em fumar um cigarro. Talvez o fumo afastasse os meus demónios. Levantei-me em passo apressado e pensei que tinha de ir trabalhar. Mais um dia na engrenagem da vida mesquinha numa cidade que não me quer. O pára-arranca da minha vida estava na sua pior fase. Para mim um bom dia era ficar em casa a ver o canal de desporto e a navegar entre uma cerveja e uma taça de aperitivos. Nada mais fazia sentido. Queria gritar, mas nem os vizinhos me deixam. Vivo preso. Preso na minha própria vida, na teia de enredos que eu criei para mim, com as minhas opções.
E como paramos o pára-arranca da vida? Para ele não havia alternativa, plano B, fuga. Como dizemos à vida qual o ritmo, o compasso que queremos? Talvez não seja assim. A vida dá o compasso, nós temos de aprender a acompanhar. E para ele um dia a vida vai mudar, exigir mais dele. E a inércia, que se tornou numa segunda pele, não vai facilitar a sua saída.
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