Antigamente éramos escravos dos donos da terra. Hoje, apesar de no mundo ocidental experimentarmos uma liberdade de expressão sem precedentes - apesar de ainda coxa - somos escravos do relógio.
Há uma hora para tudo. E começa desde que nascemos: alimentação de 3 em 3 horas. A partir daí cria-se toda uma agenda: a hora para o banho, a hora para comer, a hora do infantário, a hora de deitar, a hora de acordar... Na infância aparece a hora do inglês ou das aulas de ballet. Na adolescência aumentam os horários das aulas. E então na idade adulta, quando finalmente temos autonomia, ao invés de inverter a importância dos ponteiros do relógio, continuamos subjugados por ele, pois foi assim que crescemos e é assim que vive a nossa sociedade. Estamos presos nas rotinas do relógio e sempre que ele toca podemos fugir de nós porque temos algo para fazer.
E aqui reside o problema dos homens: somos bichos de hábitos. Sair da rotina, do normal, fazer algo diferente, aceitar mudanças - é do mais difícil que há, apesar de parecer fácil. Quando nos cruzamos connosco, ao longo da vida, vamos encontrando estes hábitos. A maior parte deles são tão naturais que acabam por nos definir, seja o roer as unhas ou ter a obsessão de contar escadas. O tempo tem muita culpa nos nossos hábitos, até porque ter relógio em 3 sítios é normal: neste momento tenho um relógio no pulso, no telemóvel e no computador. Como podemos dizer que não somos escravos do relógio? Como dizia o outro: estamos prisioneiros do tempo e o relógio é o nosso polícia.
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