sexta-feira, 20 de maio de 2011

Amanhã?



O amanhã não existe, percorremos os dias falando dele e no dia seguinte ele avançou mais um pouco e não o apanhámos. Por vezes fixamos a atenção mais à frente: daqui a uma semana, a um mês... Daqui a um ano é que vou resolver a minha vida; Para a semana eu penso nesse assunto... Tontos, caímos no consecutivo adiamento das nossas vidas. Tudo para que a atenção não se foque no hoje, no agora.

Apesar desta distracção temporal parecer natural nas nossas cabeças, não o é para nós enquanto seres completos. Vivemos por antecipação do que possivelmente virá e também presos naquilo que já passou por nós. É como se estivéssemos parados no meio do rio. Relembramos com melancolia a nascente, os percursos iniciais em que os vales apertados e escarpas rochosas nos encaminhavam rumo à corrente da vida. E ficamos parados no meio a indagar como será a foz. Será que existem margens planas e verdejantes ali mais à frente? Como será o percurso, será acidentado?

E com isto não vemos onde estamos. Não vemos como são as margens naquele momento, o verde que nos rodeia, se o céu está azul... Porque não estamos lá, estamos a viver entre o passado e o futuro, sem parar no presente.

Viver o hoje, apesar de parecer um cliché fácil de executar, não o é. No interior, nós não queremos estar no hoje. Porque isso obriga-nos a olhar para nós e isso mete medo. E do medo nós fugimos.

Uma boa possibilidade é tentar estar numa simplicidade absoluta, tentando aos poucos travar as viagens no tempo que a nossa mente faz. Concentrando a mente nas execução das pequenas coisas do dia a dia, poderá se abrir a porta do agora.

Qual o benefício? Imaginem perder a imagem de tempo contado na cabeça. Eu normalmente imagino um relógio com ponteiros a avançar sem piedade. Quando me tento concentrar no agora, embora ainda seja difícil para mim, esses ponteiros diminuem a velocidade e o que se segue é um sentimento de liberdade... E esse sentimento ninguém me pode dar, só eu...


Imagem retirada de http://thesecond10k.tumblr.com/

Sem comentários:

Enviar um comentário