"Quem és tu?"- perguntou ela assertivamente. A resposta veio na forma de silêncio. Aguardou um pouco na eminência de uma possível resposta. O silêncio fez-lhe perguntar novamente. E mais uma vez nada aconteceu senão o eco a difundir-se pelo espaço que a rodeava.
Tentou ser mais meiga na voz para ver se assim obtinha alguma resposta. Assim tentou uma e outra vez. Aclarou a voz num pigarreado para que soasse de um modo suave e acolhedor. E nada. Impaciente berrou: "QUEM ÉS TU???". Como se este berro tivesse trazido mais silêncio à sala, ela continuava sem respostas. E foi quando parou de perguntar que obteve a resposta que precisava.
Sabes quem és? Já percorreste os teus próprios labirintos para saber? Pesquisaste por detrás de todos os ramos que te inundam a mente? Viste em todos os cantos escuros que não queres visitar? Entre os dedos dos pés, na palma da mão que apertas contra o teu peito, nas radiografias dos amores já idos...
Encontraste-te? Procuraste por ti e perguntaste dentro de ti, de fotografia na mão: "Viram esta Pessoa?". Olhaste à tua volta para te encontrar nos outros? Seguiste os teus passos para encontrar a origem de tudo?
Reconheces-te? Consegues ver para além da fotografia que guardas junto ao peito? Será tu mais do que uma imagem captada, guardada e mal pronunciada nos álbuns de ti mesmo? Onde estão esses álbuns? E que estantes são essas que te seguram para viveres?
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