Fazer a diferença. Frase engraçada. Mais engraçado ouvir perfeitamente o que aqueles idiotas diziam: somos nós que fazemos a diferença! Astuto, mas insuficiente. Para mim, pelo menos. Via-me mais pomposo naquela altura. Estava de fraque, o mundo estava aos meus pés e eu não fazia parte de nenhum "nós". Fazer a diferença, pfff.
Passados muitos anos a frase bate-me de frente, acerta-me no peito e faz-me cair. E olhem que o chão da vergonha é duro, a queda é aparatosa. Artística, diria eu. Fazer a diferença. Não tinha feito a diferença na minha vida até aquele momento, e agora não era o fraque que me ia salvar. Era eu. Tinha de ser. Tinha de fazer a diferença. Era assim que tinha a possibilidade de me reerguer. Voltar a conseguir respirar fundo de uma forma aliviada era o meu objectivo secreto. Era a primeira diferença que eu queria fazer para mim. E assim que estivesse de pé e com forças, a primeira coisa que ia fazer era queimar o fraque. O snobismo nunca foi o meu melhor lado.
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