Entrei no armário do meu quarto de mulher. Os vestidos vermelho baton irradiavam a sensualidade de uma mulher crescida. Sentei-me no chão frio e fechei a porta. Os tecidos lambiam-me a cara como se fossem gotas de água a cair do céu. Fechei os olhos para ver menos, apurando o cheiro a roupa guardada. Onde está hoje esta mulher?
Às apalpadelas encontro um sapato de salto alto. Não o vejo, mas imagino-o preto. Sinto o seu cheiro a novo e calço-o. Como é longo o seu salto e como erotiza o corpo. Será que já foi usado? Será que já saiu à rua, bramindo sensualidade? Quem é ela?
Passo a mão pelos vestidos. São suaves e frescos. Já não vejo as suas cores, mas imagino os seus decotes. As costas abertas, pele desnudada e uma curva acentuada nas formas maduras de mulher. Quem sou eu, enquanto mulher?
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