As letras fazem palavras que fazem frutos. Como uma árvore com ramos para cima, o meu papel avança para baixo. Linha após linha, a escrita floreia a minha paisagem, ondula ao vento das minhas vontades. Avanço ao sabor da estação que me rege no momento, seja o calor ou o frio.
Escrevo, reescrevo. Tomo nota. Risco. Saboreio o papel, o meu alimento. Viro a folha, escolho outra caneta. Apresso-me num vermelho de um tom que lembra o baton da minha avó. E vou por aí. A avó. Sim, era como uma árvore. Raizes fixas. Quem eras tu? Quanto de ti está em mim, o que me dizes de ti que sou eu? E ao ver-te, reparo que não usavas baton. Mas vejo a árvore, vejo a origem, o caminho, a dor e o desamor. E a força. Fica a força. E vai-se a vontade...
É esta a escrita que envolve a alma, avança, recua e leva-nos a passados que não existem. Imagens que não o eram. Palavras que não se traduzem em imagens. Fica a imaginação. Fica o tremor no dedo. É o deixar ir e não saber como se vai voltar...
Imagem: http://indulgy.com/post/XKCOyV3SF1/wall-hanging#/do/from/70955957588
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