quinta-feira, 28 de março de 2013

Grandiosidade





A grandiosidade dos grandes sítios não se vê, sente-se. Respira-se.

Imagem: http://www.theatlantic.com/infocus/2012/04/historic-photos-from-the-nyc-municipal-archives/100286/

terça-feira, 26 de março de 2013

Músicas


Hoje acordei com uma música:
"Quando a cabeça não tem juízo
Quando te esforças mais do que é preciso
O corpo é que paga"
O Variações tem destas coisas, ao lembrar uma música de manhã, já sabemos que nos vai acompanhar o dia todo. Agora que leram uma parte, digam lá se não estão já no “deixa-o pagar, deixa-o pagar”?
Para além de a letra martelar a cada minuto na minha cabeça, num looping desgraçado, o significado das palavras dança em mim. Este bocado de cantiga faz lembrar a psicossomatização. Parece que o Variações já percebia de psicoterapia corporal naqueles tempos. De facto, está comprovado que a mente tem uma força muito grande no que concerne às doenças. E a psicossomatização é isso: é a influência do nosso lado psíquico no nosso corpo, no nosso lado físico. Um conflito que mora na nossa mente acaba por afectar negativamente o nosso corpo. Daí se dizer que muitas das doenças têm origem na nossa cabeça. E quando a cabeça não tem juízo…
Qual artista do consultório, o Variações (que variava tanto no seu exterior) escreveu grandes verdades na psicoterapia, e não foi só nesta música que vos coloquei gentilmente na cabeça.
Como é que o “mudar de vida se tu não vives satisfeito” não é um mote à mudança, à evolução pessoal? É o estímulo para procurar de algo. Algo diferente e que seja satisfatório. Não será isso a procura da felicidade? Na letra desta música, o terapeuta (cantor) diz nunca ter visto sorrir o seu paciente, e também nunca o viu cantar. A vida é um castigo e cá para mim o paciente tem uma depressão. Sem comprimidos, o terapeuta tenta incutir a mudança, pois a vida “não é, e nem deve ser como um castigo”. Dentro do seu paciente, o cantor vê vida a latejar. É essa a porta de entrada para algo que pode potenciar a mudança e a saída de um estado depressivo.
Podíamos ficar aqui a falar de todas as músicas do António Variações. Todas têm algo terapêutico. Vejamos “A culpa é da vontade”. Será isto a teoria das pulsões de Freud, renovada e aportuguesada? Esta vontade reside dentro de mim. Não é do outro, nem do vento, nem da praia. É minha. E o que é a vontade senão algo interior a nós que nos impulsiona para algo? Seja uma necessidade ou um capricho. E o que é a pulsão? Bom, não nos vamos perder no Freud, é um caminho de onde é difícil regressar! Vamos apenas referir que é um impulso. E a vontade e pulsão são quase sinónimos nesta brincadeira de palavras que dançam na melodia do artista.
Para finalizar, pensem um pouco na música “Já não sou quem era”. Esta é muito completa! A música pressupõe a mudança que ocorre no consultório da vida. Vamos vivendo e aprendendo. E vamos nos observando e conhecendo melhor. E isto acontece na terapia. Ou pelo menos deve acontecer. Não podemos ser os mesmos quando nos conhecemos. Não podemos ser iguais quando acrescentamos conhecimento aos espaços em vazio que povoam o nosso ser. E como diz a música, vemo-nos melhor: “Já vejo com os meus olhos”, de tal forma que “Já vejo as limitações”: as nossas e as dos outros. Até onde podemos ir? Qual é o espaço que ocupamos e qual é a área que precisamos para o nosso território? E finalmente, algo que também acho importante: “meus sonhos não são iguais”. Não são nem poderiam ser. Sejam os sonhos da noite ou os sonhos como desejos do dia. Sabem que os sonhos da noite são uma porta de entrada para o consciente? Pelo menos de acordo com Freud. E sabem que, caso tenham um sonho recorrente, se conseguirem descobrir o que o inconsciente está a transmitir, deixam de o ter? Por isso, se somos diferentes, mais adultos e conhecedores do nosso eu, vamos ter outros sonhos.
E mais: “já não fico à espera”: já não espero dos outros aquilo que está em mim. Não espero que algo venha de fora para ser mais Eu, porque eu tenho em mim tudo aquilo que eu preciso. Uau. Grande Variações. Eu acho que ele era mesmo psicoterapeuta… E vou parar de ouvir por hoje. Já está aqui muita coisa!

Imagem: http://interiorfelicidade.blogspot.pt/2010/04/docura-bk.html

terça-feira, 19 de março de 2013

A culpa é do tempo


Tantas vezes culpamos o tempo que faz para exprimir aquilo que sentimos. Será a forma como nos sentimos culpa da chuva ou do tempo mais invernoso? De facto, um dia de sol traduz-se em mais energia. O ânimo é diferente. Quem já não ouviu falar dos números preocupantes de casos de depressão no inverno nos países da Europa do Norte, onde as horas de luz são tão escassas?
Mas será o mau tempo assim tão culpado? Sim, acredito que tenha a sua cota-parte de responsabilidade. Somos seres energéticos. Somos influenciados pela energia à nossa volta e um belo dia de sol e calor pode ajudar-nos a armazenar um pouco mais de energia do que um dia cinzento.
Ainda assim, acredito que a culpa atribuída ao dia cinzento deve ser aligeirada. Considero que pode ser um gatilho para uma baixa energia, mas também considero que é um potencial para estarmos connosco, mais do que estarmos introvertidos. E talvez seja esse o problema dos dias cinzentos: obrigam-nos a olhar para nós. Seja porque ficamos mais silenciosos ou porque ficamos em casa. E não é fácil ficarmos connosco, em silêncio. Não é fácil encontrarmo-nos neste silêncio e falta de luz e olhar para aquilo que somos, ou concluir que não sabemos quem somos. E aí pode residir uma enorme dor.  
E como estamos rodeados de símbolos, é também importante perceber o que significa um dia cinzento para nós. O que simboliza a chuva, a água, as poças que se formam? O que transmite um mar revolto ou um arco-íris? Para cada um de nós, cada elemento terá um significado diferente e será no encontro entre nós e o simbólico que podemos conhecer mais sobre nós.
Será então o inverno uma longa hibernação que promove uma reflexão íntima sobre nós? Se assim for, a Primavera será a altura de florescer e de nos mostrarmos ao mundo, tal como somos.

Imagem: http://radialhq.com.au/rain-water-tanks-important-facts.php


quarta-feira, 13 de março de 2013

Antecedentes não criminais

Eu hoje venho aqui falar de uma coisa que me anda a atormentar!

Não, não venho, mas podia! Este é o início de uma música de Sérgio Godinho. Muitos não sabem quem é, mas eu sei porque tive a sorte de crescer com um primo, perdão, Primo, que me deu boas dicas musicais. Tinha eu uns 13 anos e ele deu-me o album Mellowgold de Beck. para quem não conhece, vou explicar que, para uma miúda de 13 anos (sim, na minha altura com 12 eramos miúdas, crianças, vá), era muiiiiito à frente! Eu pensei, o meu primo, perdão, Primo, ensandeceu! E aqui só vão perceber se ouvirem o álbum. Deixando 1994 e voltando a 2013, o álbum é fantástico, uma obra-prima que o primo promoveu à prima. Adoro.

E com isto vão quase 20 anos. 20. Vão fazer 20 anos que o álbum saiu... E muitos anos de bons conselhos do Primo. De facto, é um privilégio poder crescer com determinadas pessoas à nossa volta. Sim, outras são um celeuma, fazem o bullying, o chateing e farting! Mas assim vamos aprendendo a viver. E com as pessoas boas que estão à nossa volta, vamos mediando os momentos menos bons com os bons. E este meu Primo, caramba, como me ajudou! Ele até me levou ao meu primeiro concerto a sério, e foi Beck, no Coliseu, 1998? Ah, boas memórias.

Selecto, de aparência tranquila, ninguém sabe muito bem no que ele vai a pensar. Mas que pensa muito, isso tenho a certeza. É um pensador nato. Ausente mas presente, é um misto de sobriedade, difícil de explicar. Só sentindo. Ainda para mais, é primo-padrinho, uich, subiu a parada logo no meu nascimento. É primó-padrinho que se recomenda. E como sei que ele é auto-info-excluído, não deverá ler isto. Mas não faz mal. Ele sabe. Eu já lhe disse!