sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Somatização

somatização
(somatizar + -ção)
s. f.
s. f.

[Psicologia]   [Psicologia]  Inscrição de um conflito psíquico numa .afecção somática.

somático
adj.

Relativo ao corpo.

 Ontem fui ao dentista. Está tudo bem. De há algum tempo para cá que vou lá uma vez por ano fazer uma limpeza. E fico por aí. Não há cáries, não existem dentes estragados. Os meus dentes são considerados de qualidade e são agraciados com uma dose de fluór e a retirada do tártaro uma vez por ano.

Antes de começar a limpeza, falei mais uma vez à Senhora Dentista sobre a minha grande sensibilidade dentária. Então, de uma forma muito profícua, a Senhora Dentista passou "ar" entre os dentes e a sensação de sensibilidade apoderou-se de todo o espaço entre entre dentes, debaixo de dentes, ao lado de dentes... Aquela sensibilidade dentária que entra pelo dente e vai até ao topo da cabeça, mas por dentro, enquanto também passa pelos ouvidos e apita fortemente. A Senhora Dentista disse que se calhar era melhor eu usar uma pasta para ajudar nesta sensibilidade e voltar lá dentro de uma semana ou duas, quem sabe. Eu, estoicamente disse: "Não! Eu sou uma mulher forte, eu vou fazer a limpeza agora!". Antes tivesse sido assim, de facto foi mais isto:

Pensamento: "Epá, voltar cá? Grande chatice! Eu cá quero é despachar isto..."
Palavras que saíram da minha boca: "Não, deixe lá, fazemos a limpeza já hoje!"

Avançando no procedimento de limpeza dental, a Senhora Dentista surpreendeu-me (ou não), com a explicação para a minha sensibilidade dentária: os meus dentes estão a ficar gastos, e desta forma, fica mais à mão de semear uma parte do dente que está em contacto com sei lá o quê e que o torna mais sensível (lamento a ausência de termos técnicos, mas de ontem para hoje consegui apagar isso tudo da minha mente...).

Origem do desgaste? Podia ser da escova de dentes, se fosse mais rija e se eu lavasse os dentes em forma de ataque. A Senhora Dentista diz-me: "Não me parece que seja da escova (enquanto toca nos dentes mais sensíveis, cá para trás), isto é desgaste por causa da tensão, percebe?". Se eu percebo? Oh cara doutora, se percebo! A força mastodôntica que eu faço com os dentes é o simbolo de toda a tensão que eu tenho no meu corpo, sô'tôra! Não, não disse nada disto, até porque naquele momento não podia falar, fiz apenas um olhar cúmplice, como quem diz que concorda, acompanhado de um "hnummn!".

Então a surpresa vem de onde? De estar perante uma dentista que me fala claramente uma linguagem que eu conheço: somatização, ou seja, as porcarias que nós fazemos e que fazem com que o corpo sofra, e depois sofremos nós num todo, culpando o invisivel, o demo ou o vizinho do lado.

Sim, tenho muita tensão no maxilar. Ui, sim, faço muita força e mordo as bochechas (calma, as minhas e por dentro...). O que pelos vistos, para além de me fazer as óbvias feridas na boca, também me tráz uma sensibilidade extra, qual promoção (pague um leve dois!).

Posto isto, permaneço na minha tentativa de suavizar a tensão dentária e ao mesmo tempo, feliz por ver outras conversas a surgirem num consultório branquinho.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Psicologias


E não tem de ser a de consultório, embora fosse essencial para todos sem excepção: doentes, não doentes, crentes, mal-dizentes... Psicologia de sofá, de telefone, de amiga ou de piropo, é por demais importante. Dizer que o outro está bonito, reconhecê-lo, vê-lo e experimentá-lo, é psicologia. Falar mal do pai, xingar o irmão e bater o pé, é psicologia. Chorar a ver filmes tontos, rir do salto do gato, passear à chuva, é psicologia! e saber o que isso quer dizer... Fazer pontes, caminhos, e percorrê-los. Testá-los.

Imagem: http://www.facebook.com/#!/AForayIntoPsychology

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Voando


Continuando neste exercício de tentar escrever todos os dias, paro por uns momentos e olho para as minhas mãos sobre o teclado. Estão a postos. Preparadas para começarem a tentar acompanhar a chuva de palavras que saem da minha cabeça. Ou será que saem doutro lado? Sairão de onde? Às vezes parece que saem de mim, mas da minha totalidade. Bem, às vezes não é chuva miudinha. Às vezes começam a sair as palavras a uma velocidade maior que as mãos, ou melhor que os dedos, não conseguem acompanhar. Troco as palavras, troco as letras! Quando reparo está tudo sublinhado a vermelho, como se isso me envergonhasse. Não envergonha. Quantos mais erros de simpatia, mais está o texto a fluir. Engraçado, não é? Quantos mais erros, mais flui. Mais sai sem dar conta da ordem das letras, da construção das palavras. Há letras a mais, há letras trocadas! Há tanto para corrigir e alterar. Se vissem antes de corrigir...É uma chuva de palavras com sublinhados, como se tivessem um tapete voador por baixo. Voam pelo papel no tapete mágico (que é vermelho, claro está), mas quando eu as deixo aterrar, corrigindo-as, o tapete é guardado. E quem voa sou eu!

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Outras amizades


Dizem que o contacto com animais de estimação nos pode acalmar. O que é um facto é que os animais vinculam-se connosco sem dúvidas, questões, obstáculos e ficam. Sim, ficam de forma permanente, ou já ouviram alguma história de um animal que abandona o seu dono?

Não gosto muito da palavra "dono", é um facto. Os meus gatos são os meus companheiros. Vejo-os de igual para igual. Iguais a mim, apenas mais sortudos porque simplesmente são. Sim, simplesmente são gatos. Não há neuroses, psicoses, crises existenciais ou dúvidas sobre o amanhã. Muito menos existe a perdição no passado. Estão no aqui e agora, presentes. As suas crises são saber a que horas volto para dar mimo e comida. Ah, e água fresca, adoram!

Às vezes chateiam-me, fazem asneiras, sujam a casa. E depois enchem-me de mimo, mesmo que tenha ralhado com eles. Não conhecem o ressentimento. Mas conhecem a nossa tristeza e abraçam-na quando mais precisamos. Dão um olhar especial e umas turras que convenientemente nos dizem que estão ali ao pé de nós. E não vão embora.

Imagem: http://www.facebook.com/#!/AForayIntoPsychology

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Está a chover!



Deitem fora os chapéus, está a chover! Venham para a rua, saiam de casa, apanhem ar, água, chuva vento, o que for! Venham. Não se protejam da chuva e saltem para não ter frio. Aqueçam o coração com os sorrisos que dão a quem olha e pensa que são loucos. Loucura abençoada, da água molhada que cai e não congela, antes flui... Visitem a vossa criança...


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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Como os olhos estão maiores


É engraçado como as coisas são. Gosto muito de colocar o itunes em modo aleatório e deixar-me surpreender pelo que pode aparecer. E de repente aparece este artista. Já tenho o álbum há algum tempo e nunca dei importância. A música é Eyes Wider Than Before. E surge precisamente quando fecho mais um ciclo. E este ciclo, ui, tem muito que se lhe diga.

Tenho muito caminho a fazer, eu sei, mas conheço-me muito melhor. Os olhos estão maiores. E vêem muito mais, tanto para dentro como para fora. O pack Biossíntese como ontem lhe chamei, é o responsável pelo aumento do tamanho dos olhos. Os olhos que se fechavam, que viam aquilo que queriam, sabem que (conforme a música) you can wake in the morning, feeling that you can breathe. E respiro, e com mais clareza, e ainda assim my eyes are wider than before. So little has changed, but my eyes now see much more.

E sim, ainda acontece isto: you can lose your troubled thoughts for tonight at least; your mellow and tender self, is hard to climb.

Mas... Vejo mais, com mais clareza. E consciência. E por isso, já estou de parabéns e vou celebrar. Celebrar a minha existência. Estou aqui. Agora!


Deixo-vos a letra:

Eyes Wider Than Before :
I love that distant beam of light
and (?) neon floods my weary eyes
it illuminates my soul, is inspired
I'm heading your way with the traffic
by my side
remember how it was before
just a minute away
I'll be knocking on your front door
don't underestimate, this place is tired
every second is treated as though
there is no time

Your eyes are wider than before
So little has changed
but your eyes now see much more

hush, now sway and fall asleep
gonna drive you away from the trampling of bustling feet
you can lose your troubled thoughts
for tonight at least
you can wake in the morning
feeling that you can breathe

little darling you're mine for tonight
your mellow and tender self
is hard to climb
from you, I turn all doubts deep inside
I surrender myself to your presence
and peace of mind

Your eyes are wider than before
So little has changed
but your eyes now see much more
so much more
so, so much more
so much more
so much more