quarta-feira, 17 de abril de 2013

Um caso de pontuação

Quando nos pomos nestas coisas de consciência pessoal e evolução temos etapas que têm apenas a ver com pontuação:

1ª Fase: Não sei quais são as perguntas e muito menos as respostas. Existem muitas reticências e poucas palavras acertadas.
2ª Fase: Tenho alguma ideia das perguntas, mas estas ainda são confusas, não faço ideia quais são as respostas ou onde encontrá-las. Permanecem vírgulas, reticências e pontos e vírgulas.
3ª Fase: Começo a ter uma ideia sobre as perguntas, os pontos de interrogação têm força. No meio das perguntas ainda há alguma objectividade que não encontra resposta na subjectividade da vida. As respostas surgem tímidas e algumas não têm nexo nem forma.
4ª Fase: As perguntas são construídas, pertinentes e geram respostas fluídas e com nexo. Com as respostas vamos construindo novas frases.
5ª Fase: As perguntas geram respostas, mas as respostas geram mais perguntas. É um ciclo que ainda estranho, mas que percepciono como necessário.
6ª Fase: Escrevo um livro, vivo uma vida.

Imagem: http://clicareaprender.blogs.sapo.pt/4980.html

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mudar a forma

Quando damos forma às coisas, elas mudam de forma. O que acontece é que, quando damos conta de algo, isso muda-nos e a "coisa" em si também muda. Vamos por partes e vamos por exemplos. O corpo dá um sinal. Refila connosco! E nós não sabemos porquê. Tentamos perceber o motivo. Pensamos, e pensamos; sentimos, e pensamos outra vez... E por fim, normalmente quando não estamos de facto a pensar, plim! Surge a resposta.

A resposta surge sem pensar (muito?). É algo que vem encadeado na nossa cabeça, ou melhor, no nosso ser! É algo subtil que ganha forma aos poucos e às vezes é nomeado de insight ou ponte. E no fim temos então algo, um produto de um processo de pensar -> sentir -> não pensar. E quando temos essa resposta, essa forma, esse produto, algo muda; e então, muda de forma, pois não é mais necessária a forma inicial. Não é mais necessário o alerta que o corpo faz, não é mais preocupante o sintoma, pois temos a origem da "coisa".

Mudar de forma também implica o seguinte: encontramos uma resposta, mas encontramos mais questões. E assim prossegue a vida, de resposta em questões e por aí fora. Encontrar uma resposta não é o fim do puzzle, é a adição de mais peças para ir encaixando. É como se passássemos de nível mas sem terminar o jogo: ganhamos créditos para o nível seguinte. E lá vamos nós de nível em nível. E caramba, há uns quantos bem difíceis. E o problema é que, justamente quando estávamos preparados (ou achávamos que...) para os níveis seguintes, já com uma elevada taxa de basófia, mudam os comandos do jogo! E nós, que considerávamos que já tínhamos uma bagagem considerável, escorregamos logo na primeira dificuldade. E a vida é isto. É ir mudando a forma, passar de nível e não esperar facilidades. E a evolução é esperar as dificuldades com tranquilidade e um sorriso.

Imagem: http://loja.publico.pt/products.php?product=Formas-de-Natal-Bimby%E2%80%93Forma-silicone-bombons-formato-cora%C3%A7%C3%A3o

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Lógica

Tropecei numa foto da Yoko Ono. E já tinha tropeçado nisto:


E continuo a não conseguir imaginar o que é para uma mulher estar ao lado do seu marido que é assassinado. Morto por um desconhecido. Por nada. Por motivo algum. Continuo a não perceber como é que alguém dispara sem sentido (Se é que existe disparar com sentido?). Confunde-me. Questiono-me com situações destas. Comove-me que ela tenha escolhido ficar na mesma casa onde viviam, passando todos os dias pelo local onde o perdeu. Intriga-me que ela tenha mantido aqueles óculos ensanguentados na sua solidão. Espanta-me que os Estados Unidos continuem a ceder a um lobby que mata crianças. Que não sejam capazes de criar uma lei simples. Uma lei que não permite que levem familiares de pessoas que os querem cá. Egoísta? Não, lógico.

Foto: http://expresso.sapo.pt/yoko-ono-mostra-no-twitter-oculos-com-que-lennon-morreu=f795156

terça-feira, 2 de abril de 2013

Conhecer


Olhando para trás no tempo, vejo que não conheci bem nenhum colega de faculdade. Esse tempo foi estranho, rápido e doloroso. Hoje vejo-os pelas redes sociais sem saber bem o que ali fazem. E lendo o escrevem, não os conheço e nem os conheci. E daí vem o pensamento seguinte: conheciam-me a mim? Não. Nem eu me conhecia. Então, saberiam eles quem eram e no que se iriam tornar?

É incrível como nos achamos sempre na idade certa para saber tudo, mas com o passar do tempo vemos que afinal não, na idade seguinte é que é. Mas é no momento presente que nos achamos muito sabidos. Inconscientemente sabemos que amanhã vamos saber mais. Assim sendo, como poderia ser a mesma pessoa de há 10 anos, quando terminei o meu curso? Não sou essa pessoa, mas também não deixo de a ser. Confuso? Sou parte daquilo que era, pois sei que hoje sou mais. É como aquela ideia de que apenas usamos 10% da capacidade do nosso cérebro. Eu era 20%. Conhecia 20% de mim e nem sabia que havia mais do que apenas um grande ponto de interrogação que não incomodava tanto. Agora talvez seja 40%. Ainda há mais de metade de mim por conhecer, espaço vago, escuro e misterioso. Somos um segredo encerrados em nós mesmos. Gosto disso!

Foto: http://novotempo.com/radio/2012/09/19/breve-ensaio-sobre-a-ansiedade/