quinta-feira, 5 de junho de 2014

Mantra do ano: entregar e confiar.





No outro dia fiz um teste ao meu equilíbrio, mesmo gravidissima, e fiz aqueles exercícios de alongamento em que puxamos o joelho para cima e nos equilibramos com o pé que fica em contacto com o chão. Depois, e sem colocar o pé malabarista no solo, passei-o para trás, dobrando o joelho e deixando o calcanhar tocar o rabiosque. Repeti a proeza com a outra perna. Quem estava comigo ficou impressionado com o meu equilíbrio, pois não pestanejei nem balancei e fiz tudo sem um saltinho para voltar ao sítio. Eu achei o máximo, pois se há coisa que achei que nunca seria, era equilibrista. E hoje percebi: eu tenho mais equilíbrio do que penso. E o meu corpo já o sabe, a mente é que ainda não tinha percebido.


A mente, essa malandra, também sempre achou que eu era super saudável, porque tinha de ser. Simplesmente porque não podia falhar. O corpo sempre acompanhou e sempre fui saudável. Mas sempre pensei, no lado terapêutico da coisa, em que esta vontade de ser saudável seria se calhar forçada pelo lado da mente e que qualquer dia tinha uma surpresa para aprender que as meninas perfeitinhas e bem comportadas também ficam doentes. Doentes à séria. O que aconteceu foi que aprendi que o corpo está bem quando a mente se aquieta, e que a mente se aquieta quando o corpo está bem. O corpo sabia, a mente também, só não sabiam que ambos sabiam, qual novela mexicana.

Ao longo dos últimos meses comprovei que há um tema gigantesco na minha vida: lidar com os outros. E aqui podemos remeter para a questão dos limites, já exposta no Blog; das relações e das expectativas e decepções em relação aos outros. Ora, num momento em que só vemos coisas estranhas a acontecerem, têm sido períodos conturbados. E não falo só de situações pessoais. Falo daquelas pessoas que fazem grandes asneiras na estrada e acham que têm razão; pessoas que cometem crimes e são aplaudidas à chegada ao tribunal; homens que matam as suas mulheres porque têm um sentimento de posse irrevogável; a política, que me desafina; os poderosos porque têm o rei na barriga; e todo um sistema financeiro caquéctico e irrenovável. Tudo isto me afecta no sentido em que mina as minhas visões de futuro. Não sou pessoa de ter grandes sonhos para o futuro, a não ser o de ser feliz. E este, parecendo único e simples engloba muita coisa. Claramente que o que eu resumi acaba por influir e minar a minha ideia de felicidade, mas depois lembrei-me: são tudo factores externos. Aprendi que a nossa ideia de felicidade deve depender apenas das nossas concepções internas, e não do que ocorre no exterior.

São três lições que encaixei hoje. Ou melhor, a primeira encaixei, a segunda vai indo, a terceira tem tempo! Mas há um sumo a retirar destas três frases: devemos confiar mais em nós e na nossa capacidade de conseguir chegar a algum lado, seja esse lado o que for. E já não é a primeira vez este ano que eu percebo que este ano é assim: entregar e confiar.

Imagem: http://pginasdeamor.blogspot.pt/2010/07/alongamento-basico-para-ensaios.html

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