terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Super Ana dos Mares


Cresci numa praia. Parece, mas não é poético. Não havia muito para fazer de Inverno, como se pode imaginar. Então, qual Fernando Pessoa que ainda não conhecia, vivia outras vidas. Pintava o céu com outras cores, desenhava barcos no horizonte. Imaginava a vida de embarcado quando apanhava as frequências dos barcos que passavam com o meu walki-talki. Falavam em línguas que eu não percebia, mas eu era a detective! Imaginava situações, temas de espionagem e lingotes de ouro no convés!

Um dia deram-me uma bicicleta. Era o às do asfalto. Fazia corridas com a sombra, mas ganhava sempre. Às vezes ganhava o chão, ficaram as marcas nas joelhos e nos cotovelos. Os cantos do corpo sempre foram um problema! Mas quando a bicicleta ficou sem travões é que eu achei que ia correr melhor. Agora sim, tinha de ser um ás! Principalmente porque não conseguia parar...

Quando brincava com a minha irmã às estilistas, já com visão de negócio, tínhamos a empresa Estilmoda! Ela era a manda-chuva e eu nem sempre concordava com, as decisões da CEO... Quando ela cresceu, lancei-me sozinha no mundo empresarial da moda, abrindo a Surfmiau! Era uma linha de roupa surfista, jovem! Tinha slogans e também tinha um símbolo. fazia desenhos de fatos de banho, calções, biquínis... E aquilo vendia bem, nas lojas da minha mente. Bons tempos em que abrir um negócio imaginário era tudo o que era preciso para passar um dia bem passado.

Claro que também dei espectáculos! Era a melhor cantora do mundo e fazia os meus familiares pararem o que estavam a fazer e pagar bilhete para me ver aos saltos em cima da cama do meu avô. E eles iam, e pagavam! E eu levava aquilo muito a sério, como é óbvio, e por isso, antes do cartaz do espectáculo ser afixado à porta do quarto, ensaiava muito! Um dia, pelo menos...

E também tive a fase de querer ser professora. Ensinei inglês. Os meses, os números. E tive uma quermesse com prémios e tudo. Era a "Loja 0, nicles de preços"! Sim, tinha slogan para tudo! Tinha uma amiga que brincava comigo e antecipou-se, ficando com a loja 1! Então tive de ir mais além, era a loja zero, só para estar antes dela! O meu avô era o meu melhor cliente, e quando ganhava prémios, devolvia-os à quermesse (win-win situation!). O meu avô até me comprava jornais antigos quando eu achava que era dona de uma papelaria! Grande avõ que eu tive, verdade-verdadeira!

Toda a criança quer ter super poderes, ser um super herói, ser especial e reconhecida. Foi neste contexto que apareceu a Super Ana dos Mares. Ela era poderosa. Podia tudo, nem tinha poderes especiais porque podia tudo! O que tinha de diferente era a capacidade de poder estar dentro de água sem respirar, mas sem ser uma sereia, atenção! Não era uma sereia, era a Super Ana dos Mares! E podia falar com todos os animais que viviam com ela no mar, claro! E quando estava em terra, cantava para as ondas levarem a sua voz aos seus amigos peixes... Um dia, um grande amigo desenhou a Super Ana dos Mares e esse desenho era um tesouro, que tinha de ser protegido pelos piratas! O desenho perdeu-se, mas ela ficou.

Foto minha, mesmo minha. Direitos mais do que reservados. Especiais até!

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