segunda-feira, 12 de maio de 2014

Os cursos de preparação para o parto

Quando cheguei ao segundo trimestre de gravidez, comecei calmamente à procura de cursos de preparação para o parto. Verifiquei alguns pontos em comum, nomeadamente o início, que seria pelas 28/30 semanas e o preço, sempre perto dos 200€. As aulas teriam sempre uma regularidade semanal e as diferenças entre os cursos versavam sobre detalhes relacionados com o conteúdo, a existência de aulas de pós-parto, entre outros.

Entretanto, numa visita à Prenatal (qual é a grávida que não passa lá?), inscrevemo-nos em dois mini-cursos de uma hora cada, completamente gratuitos, um que ocorreu nesta altura, e o segundo aos 7 meses. Devo confessar que não tinha grandes expectativas e fui alegremente bafejada por bons conselhos, embora curtos, que me permitiram pesquisar mais informação, sem medos e já com algumas bases. Tratou-se de um curso básico e breve mas com indicações precisas que me permitiram por exemplo, começar a pensar na mala de maternidade e noutros detalhes que tendencialmente deixamos para mais tarde. Assim a ideia foi-se implantando, com calma e sem stress. E penso que esta foi uma das coisas que gerimos bem: a informação que nos chega. Não é preciso entrar em pânico, temos muitos meses pela frente para ir lendo e procurando a informação mais acertada, sem stress.

Ainda durante o segundo trimestre, surgiu a oportunidade de fazer um curso de preparação para o parto com uma Doula. Este seria num regime intensivo (3 dias inteiros) e num registo diferente, mais associado ao parto humanizado. Lançamo-nos a este curso com bastante vontade e foi de facto revelador. Confesso que também foi muito bom o facto de ter sido cedo, pois isso permitiu encaixar melhor toda a informação que recebemos de jorro em apenas 3 dias.

Tanto eu e o meu marido temos algo que considero uma grande qualidade: ouvimos e lemos várias coisas, digerimos, debatemos os dois e tiramos as nossas conclusões. Desta forma foi possível encontrar o nosso equilíbrio sobre a nossa própria preparação como indivíduos para esse momento transitório e transformador como o parto. Assim sendo, neste curso recebemos muita informação de que não esperávamos, sobre os hospitais, sobre o parto em casa, o parto humanizado, entre outros temas. E fazer este curso não iria inviabilizar a nossa vontade de fazer um curso dito "normal" de preparação para o parto, com uma enfermeira ou fisioterapeuta.

Mas este curso foi o turning point. Foi aqui que começámos a perceber que existe muita informação bipolar, e a par da quantidade de informação, muitas pessoas nos dois extremos da jangada a acenar para os pais grávidos dizendo que o seu lado é o melhor. É claro que quantos mais ficam de pé num dos lados, mais depressa a jangada se afunda... E assim sendo, nós cá gostamos muito de estar no meio, no nosso lugar, com as nossas ideias e bebendo do que há de melhor dos dois lados da barricada.

Demorou algum tempo encaixar a informação dada neste curso: valerá a pena fazer um plano de parto e enviar ao hospital? Será que vou ter sorte com a equipa no dia do parto ou será que me vão vilipendiar de todas as formas possíveis e imaginárias? Não foi fácil, mas foi claramente necessário e possibilitou a abertura de novas portas e a recepção de novos conhecimentos.

Continuei então à procura de um curso de preparação para o parto para complementar com o anterior. E o que me apercebi é que não existe assim tanta oferta quanto isso, e que, de facto, o decréscimo no número de grávidas faz com que existam poucas "turmas" a abrir ou pouca disponibilidade para cursar apenas um casal. Mas como nada acontece por acaso, encontrei um sítio onde o curso é mais barato, é mais perto de casa e é dado a um ou dois casais, sendo que no nosso caso ficámos sozinhos mas felizes. Fomos a poucas aulas, mas gostámos e ao contrário de outros cursos com limitação de horas/aulas, aqui vamos estar acompanhados até ao nascimento.

No final de contas, acho que a melhor preparação é de nós para nós, pois como sabiamente ouvi dizer "80% do parto ocorre entre as orelhas", pelo que a parte mental deve ser domada, e aí várias áreas terapêuticas podem intervir. E se demasiada informação não for demais, aconselho vivamente a fazer terapia neste momento, assim como assistir aos diversos cursos que se fazem, dos mais práticos aos mais profundos. E no fim, e aí será o mais importante, cozinhem tudo e façam um prato ao vosso gosto, que é como quem diz, sejam inteligentes, pensem por vocês e cheguem às vossas conclusões, que devem ser baseadas nas vossas necessidades, respeitando sempre a vossa individualidade.

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