terça-feira, 14 de junho de 2011

A aceitação

Há algum tempo falaram-me sobre a aceitação. Longe de onde me encontro hoje, naquela altura aquilo não fazia sentido nenhum. Aceitar como somos, aceitar o que recebemos, aceitar os outros, aceitar... O meu lado de agressiva-masculina-controladora não foi muito à bola com esta conversa: "claro, abro os bracinhos e venha o mundo todo que eu aceito, não? Qualquer dia tenho de dar a outra face, não queriam mais nada? Nem pensar."

As minhas defesas, ou a máscara que ainda por aqui anda (e que saudavelmente me irá acompanhar até ao fim), diziam-me que aceitar era baixar a guarda. Era permitir demasiado e ficar numa posição mais frágil.

Com o passar do tempo percebi que estava errada e abri as portas à aceitação. Comecei por aceitar-me como sou. Afinal de contas, terei de lidar comigo o tempo todo, com carinho, respeito e muita paciência. Assim sendo, à medida que me vou conhecendo melhor, vou me aceitando, respeitando quem sou, quem me tornei e quem quero ser, para mim e depois para os outros.

Passando para fora, comecei a aceitar os elementos externos a mim mas que me influenciam directamente, sejam os bens materiais como a casa, ou a profissão ou a vida económica que levo ou até mesmo aqueles factores externos que acontecem sem prevermos, como por exemplo uma avaria no carro ou num electrodoméstico.

Depois disto, propus-me a aceitar o outro. Tarefa difícil. Acho que é mais fácil começar por aceitar que não conseguimos mudar os outros e só depois, aceitá-los como são. Claro que a mudança em nós promove a mudança em todos os que nos rodeiam, mas isso é algo que não podemos esperar de mão beijada e também não podemos prever as mudanças que ocorrerão no outro. Assim sendo, os outros são como são. Cada indivíduo tem o seu processo no presente e para o futuro. Cada um tem a sua história e, logo, os seus motivos, as suas máscaras e defesas.

Um dia, proponho-me a aceitar o mundo, as suas injustiças e desequilíbrios. Mas aí já devo estar noutra dimensão...

Se eu faço tudo como aqui está descrito? Claro que não, sou humana! Mas estas são as minhas referências e as minhas tentativas. Não sou mestre de ninguém a não ser de mim própria.

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