quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Dores de crescimento

Crescer dói. Esticam os ossos, já velhos, rangem as dobradiças, como que se queixando de tanta movimentação. O corpo vai falando. Vai doendo e informando. Às vezes é ouvido, outras, preterido. É que crescer custa. Custa o suor que escorre, custa nas costas, já pesadas, e custa no cabelo que às vezes cai.

Poderia fazer uma metáfora com a Primavera. Quando tudo cresce e floresce, o resultado é maravilhoso. E tudo se renova. E o corpo também, e a mente também, e as emoções também. Mas o brotar da flor tem um custo, embora o resultado não tenha preço. A dificuldade reside em conseguir ver a flor quando ainda só temos terra e um caule fraquinho que abana ao vento. Há que regar. O regador pesa, dói, mas há que regar. Ter esperança, ter essa imagem da flor, e com um pouco mais de trabalho e esforço, imaginar todo o campo de flores. Ver o conjunto das nossas pequenas conquistas a florir. Ver que isso atrai mais beleza: o sol a fazer as nossas cores brilhar, os pássaros... E de repente vemos que fazemos parte, já não somos o caule à parte. Mas há sempre Outono depois do Verão.

Pois é, crescer dói. E uma vez tomado o comprimido do crescimento, já não é possível voltar àquela semente minúscula e escondida dentro da terra. Mas também, quem é que quer voltar ao mundo das sombras?

Sem comentários:

Enviar um comentário