quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Upgrade, versão 2.0

Cá estamos em Setembro. Este mês sempre foi para mim o Janeiro. Não, não como passas de 31 de Agosto para 1 de Setembro, mas este mês tem algo de especial. Se calhar ainda está ligado ao cheiro do Outono a chegar, enquanto seguia a pé para a escola. A novidade, os livros novos, os colegas de sempre... Aquele cheiro da terra molhada quando caem as primeiras chuvas, o cheiro dos livros novos...

Setembro é o meu ano novo, altura de fazer um upgrade e ver o que posso levar de bom nesta transição. E perceber o que tenho de deixar para trás, por muito que custe. Com um filho tão pequeno, é muito difícil de fazer este exercício sem interrupções. Convenhamos, a nossa individualidade está reduzida ao tempo em tomamos banho pela manhã (num espantoso recorde de 5.3 minutos, não vá o miúdo acordar) e aos momentos de refeição. E esta é uma novidade que eu trago para o ano novo: ao contrário do que muitos dizem, a minha vida não acabou, mas alterou-se de forma significativa, como seria de esperar. Nesta altura de contemplação, quando o bebé é mesmo muito bebé, as suas reclamações e pedidos trazem-nos para o agora e para uma divisão da nossa pessoa. Estamos connosco, mas também estamos com o nosso filho, e estamos com mil coisas na cabeça, a viajar a 100 à hora. Mas isto da maternidade não é preto e branco como me venderam. Existem muitas áreas cinzentas, e claro, muita cor.

É como se existissem dois lados da barricada: os que defendem o branco e que dizem que é tudo lindo e espectacular, e os que vêm o mundo a preto: a vida acabou. A vida não acabou, mas a vida como eu a conhecia sim, e isso não é necessariamente mau, no entanto, como em qualquer transição, é difícil entrar no ritmo e aceitar que tudo mudou, fazendo o luto apropriado daquilo que era antes e que não volta a ser. Meus caros: é difícil. Mas há alguma coisa que dê calos, que desague em amor eterno ou que seja tão forte que não comece por ser difícil? Posso até acordar com dificuldade, maldizendo a amamentação e todos os que falam dela como se fosse a resolução para todos os males do mundo, mas depois vejo o meu filho a sorrir e derreto. E não há como explicar melhor do que com essa imagem.

Portanto, eu entro no novo ano sem desejos, mas com muitas vontades, embora com menos energia. Mas tudo passa, tudo se alcança. E o que eu tenho aprendido mais é que ser paciente compensa.

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